27.9.08

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quem disse que sou obrigado a viver

alguém creio

quem não sei

a morte é o medo permanente

mera presença

mas funciona

sempre que penso

todas as vezes

corro a refugiar-me neste tênue conforto de viver

de estar vivo

sem querer

movendo-me sem supor a grande possibilidade

de apenas estar

ajeitando melhor

minha cabeça

no cepo

penso que viver

é apenas repassar

velhas lembranças

assassinas

velha vida

como morte

velho modo

velha tumba

ainda o mesmo

um defunto que não apodrece

de modo e maneira

só se deteriora

no espírito

no imaterial

o corpo permanece hígida maravilha