658
ganha-se a vida perdendo-a
em trabalhos idiotas tão sem sabor
fazer milhões de coisas
só para não depender de outros que façam por nós
milhões de coisas sem relevância
só para morrer afogado em tolas honrarias
milhões de coisas sem a menor importância
milhões de coisas ao fim das quais nada parece ter sido feito
não vou mais dormir
a vida é permanente sonolência
este sempre postergar
pois devemos ganhar a vida para viver
a vida e a gélida coexistência em sociedade
tantos de nós
só perdendo pedaços de si por aí
pedaços que depois nem se sabe perdidos
pedaços que nem se soube possuir
o que deus não nos tira rindo que não perdemos chorando
pedaços meus encontram-me na rua e perguntam-me se me lembro
nem a pau
nunca fui eu todo na vida
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home