12.8.08

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como saber se já tenho o bastante

se nem sei se sei

como reconhecer

se nem lembro de ter conhecido

vivo preso ao chão

como uma pedra no fundo de uma piscina

não há vento que me abale

como posso ser tão estático

tudo como sempre

tudo como eu

aqui

como se tudo permanecesse assim por força de um poder atrativo

vindo de dentro de mim

deus é a indiferença absoluta

e eu a impotência completa

minha falta de poder quase faz de mim um deus

talvez nada seja mais absoluto que isto

tudo sempre se acomoda de modo que as diferenças sejam indiferentes

deus família e igreja a paz e o ódio a guerra e a revolta

tudo resultado desta torta acomodação entre o mesmo e o igual