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tudo que se vê já deixou de ser
os olhos só nos mostram o passado
não sei se isto a todos assusta
não sei nem se a mim
ficar aqui
olhando a correnteza
para o lado que já passou
a vida em seu passo de velha
nunca parando
como eu também gostaria de viver
para eu existir bastaria a existência alheia
só
ninguém precisaria fazer mais nada
minha existência simplesmente consistiria no fato de um outro existir
eu não precisaria ser co-autor de minha ruína
ao contrário do que acontece neste simulacro de liberdade
a morte devia ser um estado em que nos puséssemos quando nos conviesse
e do qual saíssemos quando nos parecesse melhor
tudo na vida devia ser assim
fruto de nossa vontade declarada
sempre
como é horrível ser brinquedo do acaso
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