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por mais podre que eu me saiba
às vezes me surpreendo comigo
é que me esqueço de que sou humano
o que aliás é uma tendência bem própria do tal do animal
olhar para seu semelhante como se fosse para algo diverso
por menos que queira admitir
como ele é podre
e fedido
e ainda fico eu aqui
crente de que posso alcançar o sublime
esquecido de que para um humano
sublime já seria tirar um pé que fosse
da lama
deste mundinho da certeza da supremacia
o máximo que sei é fazer-me crer que sou diferente do meu semelhante
semelhante ao deus que inventamos para tirar de vez o sabor da vida
morrer
diante da vida neste mundo
acaba sendo uma prerrogativa
morrer e acabar e nada nada mais ser
seria uma bênção
saber que é isto e nada mais
um passaporte para a bendita inconseqüência
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