9.1.08

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curioso o tempo

por maior que seja

sempre é nenhum

deveras

nunca levo em conta o que gasto com o ócio

tanto

e tão pouco

sempre quero um pouco mais

porém ninguém me reconhece

nem eu

no ócio sei ficar

sei realmente o que fazer

tão mais bom

quando nada tão menos intolerável

até certos sofrimentos se tornam por assim dizer toleráveis

até as tristes notícias da sociedade humana

ócio e confinamento

e alguma leitura

e alguns filmes

em algum lugar em que não se ouça a permanente diarréia urbana

esse desarranjo das vias congestionadas

essas caras de piriri das gentes

ócio natureza e um pouco de cultura

apenas eu e meu trem e nossos bichos e as visitas dos amigos

bem poucos e bem bons

talvez eu queira muito

decerto

talvez isso ofenda os demais

saber como ser feliz

quase sempre