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curioso o tempo
por maior que seja
sempre é nenhum
deveras
nunca levo em conta o que gasto com o ócio
tanto
e tão pouco
sempre quero um pouco mais
porém ninguém me reconhece
nem eu
no ócio sei ficar
sei realmente o que fazer
tão mais bom
quando nada tão menos intolerável
até certos sofrimentos se tornam por assim dizer toleráveis
até as tristes notícias da sociedade humana
ócio e confinamento
e alguma leitura
e alguns filmes
em algum lugar em que não se ouça a permanente diarréia urbana
esse desarranjo das vias congestionadas
essas caras de piriri das gentes
ócio natureza e um pouco de cultura
apenas eu e meu trem e nossos bichos e as visitas dos amigos
bem poucos e bem bons
talvez eu queira muito
decerto
talvez isso ofenda os demais
saber como ser feliz
quase sempre
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