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não sei o que há comigo

se eu fosse um cachorro provavelmente uivaria

solitário

muito

até morrer ou até me sentir vazio

mas sou humano idiota

pleonasmo

cumpro meu papel à risca

aqui repetindo a inútil pergunta

que há comigo

que há comigo

como se saber o nome do mal levasse à cura

no fim das contas caio na escuridão

e fico

a ouvir loucos e demônios

no fim das contas

comecei pelo fim

tudo terminou

sem que se conhecesse início

algo foi enterrado vivo em mim para assombrar meus pesadelos

perdi o sono

perdi o gesto

a vida acabou tão mais cedo

tão antes da morte

agora a espera

cheio de bagagem

debaixo deste sol

muito

a vida acabou

a morte não veio