5.1.08

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não sei ser

a história começa por aí na verdade

e cada vez me dou mais conta de que não sei ser velho

nem por isso deixo de envelhecer

sigo no caminho do desgoverno

sinto-me cada vez mais exposto ao ridículo

nada mais patético que um velho sem sabedoria

mais um

um velho simplesmente feio

que à decrepitude alia os anseios sem imaginação de um adolescente

não sei ser velho e envelheço

na vida ou se envelhece ou se morre

qual será o meu caso

eu gostaria de conhecer uma vida sem medo

antes que o medo me devorasse e de vez fosse decretada minha morte em vida

não há prova maior de que somos todos inteiramente livres do que a descoberta da desimportância de deus

não tenha fé

viva

não tema

a desgraça vem de qualquer modo