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há dias em que não tenho raiva de nada em especial
e me ponho a escrever sem saber o que dizer
quando não se está com raiva
quando não se sofre
nada há de desagradável no silêncio
pelo contrário
o que irrita é justo a obrigação de falar
justo quando me concilio com o silêncio
justo quando sinto que descobri um jeito de viver sem querer nem fazer nada
exceto ficar em silêncio
exceto viver a vida sentindo-se deliciosamente nulo
mas não
o mundo cutuca
o mundo empurra
e enquanto você não fala não grita não suplica
pára pelo amor de deus pára
o mundo não se dá por satisfeito
e mesmo depois de satisfeito o mundo não esquece de você
o mundo é a máquina criada pelo homem
esta máquina de lavagem cerebral chamada sociedade
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