18.9.07

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há dias em que não tenho raiva de nada em especial

e me ponho a escrever sem saber o que dizer

quando não se está com raiva

quando não se sofre

nada há de desagradável no silêncio

pelo contrário

o que irrita é justo a obrigação de falar

justo quando me concilio com o silêncio

justo quando sinto que descobri um jeito de viver sem querer nem fazer nada

exceto ficar em silêncio

exceto viver a vida sentindo-se deliciosamente nulo

mas não

o mundo cutuca

o mundo empurra

e enquanto você não fala não grita não suplica

pára pelo amor de deus pára

o mundo não se dá por satisfeito

e mesmo depois de satisfeito o mundo não esquece de você

o mundo é a máquina criada pelo homem

esta máquina de lavagem cerebral chamada sociedade