31.8.07

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existir é uma penitência

que aceito cada vez que deixo o ar entrar em meus pulmões

porque embora saibamos que nossa morte é somente uma questão de tempo

no fundo nutrimos a esperança de que

se ficarmos aqui uma eternidade

um dia as portas do céu se abrirão

ninguém aceita pacífico o fato ou a possibilidade de que depois daqui nada

nosso deus é isto

a preservação de uma individualidade que nem é tão interessante assim

apenas supomos nossa

motivo suficiente

não temos espírito coletivo

mesmo que o tivéssemos

ele se limitaria a nossa tola espécie

que só conhece o poder destruidor

a força das ameaças violentas

e vive falando nessa porra de deus

deus pra lá deus pra cá deus isto deus aquilo

o ser humano é um porre