25.7.07

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sinto-me meio fora de mim

um monte de coisas acontece

já nem sei mais ligar as letras

que dizer das palavras

este monte de símbolos confuso

que dizer do que me mostram os olhos

tudo finge estar no lugar

tudo simula uma espécie de normalidade

que não se encontra em lugar algum

que não se pode conceber em sã consciência

e tudo devia assustar-me

sinto-me tão sóbrio que esta sobriedade me assusta

o desejo é a chave-mestra da loucura

o consumo uma droga que permite desejar mais

só estou indo embora de mim

outra vez

a vida passa

quarenta e uns

dizem que nem é muito

pesa entretanto

ver-se diante de uma muralha

que brinca de esconde-esconde