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sinto-me meio fora de mim
um monte de coisas acontece
já nem sei mais ligar as letras
que dizer das palavras
este monte de símbolos confuso
que dizer do que me mostram os olhos
tudo finge estar no lugar
tudo simula uma espécie de normalidade
que não se encontra em lugar algum
que não se pode conceber em sã consciência
e tudo devia assustar-me
sinto-me tão sóbrio que esta sobriedade me assusta
o desejo é a chave-mestra da loucura
o consumo uma droga que permite desejar mais
só estou indo embora de mim
outra vez
a vida passa
quarenta e uns
dizem que nem é muito
pesa entretanto
ver-se diante de uma muralha
que brinca de esconde-esconde
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