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quando certas coisas pegajosamente aderem a nossa vida
confundimos tormento com felicidade
tratamos com desprezo a paz
deixamos de lado tudo de bom por pensarmos ver
e na verdade talvez até vejamos
o que não sabemos é escolher
temos diante dos olhos tão-só nossas mãos sequiosas
e por dentro algo como um encantamento
que nos conduz feito autômatos
vivemos acorrentados
e cremos saber o que fazemos
na maior parte das vezes é difícil saber que se é cego
porque o cego não vê
e assim não sabe a diferença entre ver e não ver
se todos em seu redor também são cegos
não sabe a diferença entre ouvir e não ouvir
se todos em seu redor também são surdos
não sabe o que é sentir
se todos não sentem
então institui-se a normalidade
e o exequatur divino
e todos se conformam em ser assim
de que outro modo haveria de ser ora
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