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não sei contar histórias
vejo o mundo sem meandros
a vida caminha reta na minha lembrança
a tortuosidade fica guardada ilegível
montes de coisas que sempre se escondem quando acendem a luz
vou vivendo entre os normais
tantas nossas semelhanças
não há por que ser diferente
só sou assim
um pouco mais ou um pouco menos que a média
como qualquer mediano
difícil surpreender
afinal de tudo há no mundo
menos o mundo
no fim das contas tudo que há é muito porque é tudo
mas não basta
tanta chuva e tanto sol
quando já se viu um já se viram todos
um dia talvez achemos até os orgasmos pouco interessantes
são os líquidos corporais
as contrações e os relaxamentos
os sons
o que há para relatar em tudo isso
que alguém sofreu viveu e morreu
o ser humano é tão chato
por que falar dele
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