16.6.07

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não sei contar histórias

vejo o mundo sem meandros

a vida caminha reta na minha lembrança

a tortuosidade fica guardada ilegível

montes de coisas que sempre se escondem quando acendem a luz

vou vivendo entre os normais

tantas nossas semelhanças

não há por que ser diferente

só sou assim

um pouco mais ou um pouco menos que a média

como qualquer mediano

difícil surpreender

afinal de tudo há no mundo

menos o mundo

no fim das contas tudo que há é muito porque é tudo

mas não basta

tanta chuva e tanto sol

quando já se viu um já se viram todos

um dia talvez achemos até os orgasmos pouco interessantes

são os líquidos corporais

as contrações e os relaxamentos

os sons

o que há para relatar em tudo isso

que alguém sofreu viveu e morreu

o ser humano é tão chato

por que falar dele