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devemos sempre suspeitar do silêncio
não há silêncio enquanto existe tanto ruído dentro
por mais que o mundo de fora se recolha
por mais que tudo pareça não existir
permanece porém toda a confusão interna
tudo como sempre
como nunca deveria ser
mas quem sou para dizer como o mundo deveria ser
posso dizê-lo quanto quiser
nada farei
nada deixará de ser
ou passará a ser
tudo como dantes
quero ver o mundo por olhos que não os meus
quero entender
ou ao menos silenciar este inferno
ou ao menos cortar minhas cordas vocais
meus laços com a paz
que me dá esta ilusão de exprimir idéias próprias
de criar
de fazer coisas nunca feitas
sempre suspeito do silêncio
da paz dos satisfeitos
que dormem calados
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