13.10.08

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devemos sempre suspeitar do silêncio

não há silêncio enquanto existe tanto ruído dentro

por mais que o mundo de fora se recolha

por mais que tudo pareça não existir

permanece porém toda a confusão interna

tudo como sempre

como nunca deveria ser

mas quem sou para dizer como o mundo deveria ser

posso dizê-lo quanto quiser

nada farei

nada deixará de ser

ou passará a ser

tudo como dantes

quero ver o mundo por olhos que não os meus

quero entender

ou ao menos silenciar este inferno

ou ao menos cortar minhas cordas vocais

meus laços com a paz

que me dá esta ilusão de exprimir idéias próprias

de criar

de fazer coisas nunca feitas

sempre suspeito do silêncio

da paz dos satisfeitos

que dormem calados