10.10.08

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coisas que nunca esquecemos

estas entranhas emaranhadas

por vezes vêm pra fora

distendem-se

estendem alguma memória de horror

daquelas em que sou monstro

daquelas em que crio dor

meu deus me livra de mim

me afasta de mim

acordar todo dia e ver que ainda existo

ainda aqui

nesta casa desinteressante comendo esta comida desinteressante vivendo por hábito

porque todo mundo vive antes de morrer

não sei se tudo que está aqui nasceu ou morrerá

sei que no meu caso é o que me dizem que acontecerá

por que duvidar

porque a dúvida é mais interessante que a certeza

porque a dúvida é um caminho sem compromisso

mas o melhor de tudo é esquecer

é deixar tudo para trás

sem infernos nas entranhas