10.9.08

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o que há de belo em mim decerto fugiu para algum lugar bem dentro

tanto que nem sei onde

que nem sei se sou eu

o que há de belo em mim não quis se tornar humano

não quis se macular e se render

refugiou-se bem longe

tornou-se talvez inexistente

para não se tornar eu

nem nenhum de vocês

não sei se há terror maior que aquele sentido por aquilo que não sou ao ver a mim e a meus pares

a morte é um prêmio

se a morte é o fim do homem

o homem é uma vergonha

sem possibilidade de retratação

o homem é algo como um fim de mundo

repetido todos os dias

bilhões de vezes

como dizia minha avó

ser humano bom é ser humano morto