24.8.08

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não há satisfação para a alma

nada que silencie

é todo tempo jogado para todo lado

ter todo tipo de sentimento e não ter nada

sentir cá dentro este âmago frio apático

como se todo o turbilhão nascesse de uma urna funerária

respeitem o defunto

estar aqui é um sutil castigo

viver em tormento nesta paz de cemitério

ter que empurrar este fardo através do tempo

buscando neste repertório tão estreito gesto que não resulte em tirar mais terra do buraco

mas tudo conduz a um só caminho

não há sorte que nos livre de deus

não há saída

a vida é absoluta

deus pode nos dar tudo

ele só não dá liberdade

meu saco já está cheio de seu amor

e de sua escrita certa por linhas tortas

estou de saco cheio do criador

e de suas criaturas