9.7.08

616

que dia

sem sol nem frescor

dia de comemorar

sabe-se lá o quê

talvez uma esperança

viver este dia

vê-lo morrer

como ele é quente

como ele é cinza

ar imóvel

não entra nem sai do pulmão

uma coisa velha e desconhecida

que nos conhece

e sabe manter tudo

na medida exata

para nunca deixarmos de ser o que somos

tudo nesta vida

tudo

caminho sem fim nem começo

nem descanso

nem passo

suportar a repetição infinita deste fato já nem sei se me cansa

ele vem e não vai

repetidamente

e quanto mais o acho insuportável

mais o suporto

mais espero a hora