25.2.08

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o ócio nunca é bastante

sempre me fica um desejo de mais

que de ócio nunca me canso

a que que a covardia não me leva

se já me trouxe a isto

talvez pudesse me levar a tudo

o fato de ter me trazido até aqui me surpreende

mal mas surpreende

minha nossa mas eu tinha que ser pequeno-burguês

não que seja de todo mau

nunca passei fome e desconheço o desabrigo

mas cacete quanta pobreza de espírito neste mundo

cujo estofo moral provém basicamente da classe média urbana

a pequena burguesia por excelência

e seu culto do aparente

e tinha eu que acabar assim

servidor público quarentão barrigudo e careca

ai