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a vida precipício parece sem fim
só parece
para mal ou para bem
tudo tão envolvente
até esquecemos a queda
a tudo nos habituamos
não vem ao caso quão baixo
tudo
no fim o desejo enorme de tocar o fundo
em busca de algo definitivo
minha nossa como sou insuportável
como gostaria de me ver livre de mim
de toda obrigação
desta covardia
deixando-me ao sabor de correntezas alheias
vivendo como vivo vivo um interminável fim
em que sempre há algo mais a perder
componho-me de infinitos pedaços
vá saber
há trinta anos era-me inimaginável viver até hoje
hoje não me imagino daqui a trinta segundos
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