9.2.08

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a vida precipício parece sem fim

só parece

para mal ou para bem

tudo tão envolvente

até esquecemos a queda

a tudo nos habituamos

não vem ao caso quão baixo

tudo

no fim o desejo enorme de tocar o fundo

em busca de algo definitivo

minha nossa como sou insuportável

como gostaria de me ver livre de mim

de toda obrigação

desta covardia

deixando-me ao sabor de correntezas alheias

vivendo como vivo vivo um interminável fim

em que sempre há algo mais a perder

componho-me de infinitos pedaços

vá saber

há trinta anos era-me inimaginável viver até hoje

hoje não me imagino daqui a trinta segundos