27.12.07

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todo dia é hoje

repetindo-se além da exaustão

infinitamente até que finde nossa infinitude

e os dias prossigam sem nós

iguais

como os loucos

que todo dia

na mesma hora

dão o mesmo grito

da mesma janela

do hospício

da mesma espécie

de cubículo

onde o tempo

passa

às ocultas

como nada

e um dia venha a voz

ou só o fato

fodeu-se

defunto és

ora tudo que tenho a fazer é morrer

é a única alternativa à vida

não entendo por quê

mas dentro de mim correm emoções

quiçá mera química

quiçá quimeras

quiçá deus o improvável

a bem dizer correm em mim sensações ou qualquer porra assim que digo advir de sentimentos

mas sei lá se são

invento o sentimento depois para dar substância à sensação vazia que o precedeu

que sei eu