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tenho que fingir que não sou simplório
que não vivo inundado de pavores risíveis
que cada dia vem e vai sem me abalar
que vivo cego pela iminência da morte
cada momento que vivo lembra-me a vida que levo
a morte que terei
e o deus pendurado na parede na casa de alguém da minha infância
quanto anseio de esquecer
ainda me sinto como sempre
sem vocação para a felicidade
e a única mudança que admito em minha vida
é a da vida para a morte
o resto é resto
deus e meus semelhantes
todos a encher-nos o saco reciprocamente
se o inferno é pior
então o inferno é obra de gênio
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