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vivo com medo
nem por isso deixo de viver
vivo mal
viver custa muito caro
vivo na beira
mero espectador do cortejo
e sei quanto isso me dói
sou escravo da megalomania
se tenho alguma fé
é na enormidade
tudo deve ser enormemente aparente
é tudo que sei
precisamos ocultar esta pequenez intrínseca
quando as grandes tragédias vêm
ou enlouquecemos ou vivemos
nuances e meios-termos não passam de frescura
meu tempo vale mais que filosofações
mesmo que seja para coçar o saco diante do televisor
antes de tudo devíamos todos calar a boca
e rogar a deus que nos privasse da razão
façamos uma grande inovação
sejamos canalhas sinceros
ao menos não sejamos desonestos com nossa desonestidade
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