28.7.07

269

cada vez que saio à rua

cada vez que estou em casa

sempre é o lugar errado

a forma errada

a presença imprópria

olhares que não se deixam ver

movimentos de que não participo

senão como micróbio decompositor

é o que faço quando sinto este sono

este impulso de abandonar tudo e de não ter que tolerar conseqüências

estar em tudo e nada sentir

tudo se diluindo nesta solução de lágrimas e risos

convertendo-se em soluços e pó

em três ou quatro corações que sentirão minha falta

nada muito além

esta coisa interina

quanto vai durar a eternidade

tudo é só um esboço

nada toquei de divino

tudo factício

mero aspecto

tudo sem intenção e proposital