9.7.07

250

mais um pouco de palavras inúteis

proferidas na esperança inútil de que sobre a cantilena insossa desabe o significado

assim sem mais

do nada

como de fato seria

como sempre acontece

nas raras oportunidades em que acontece

olho para aquilo e penso que sou eu

que enfim alguma luz se fez

e que nunca mais viverei tateando o controle remoto do televisor em busca de claridade

que nunca mais socarei bronhas e bronhas para sufocar a fúria dos desejos

mas tudo sempre resulta em ser um acaso

ou uma simples pilhéria do cosmo

logo volto a ser eu

que na verdade nunca deixei de ser

apenas isto

um pedaço de falta de amor próprio

seja por medo por preguiça ou por hábito

na sala de espera espero que a porta que se abrirá não me leve à cadeira do dentista

mas ao paraíso

ou mesmo a um inferno com menos apatia

para sair deste charco topo qualquer risco

inclusive apostar em páreo já corrido