12.6.07

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sentar e ficar esperando que brote em mim o gênio

como é bom não ter que provar nada ao mundo

nascer poderoso por direito hereditário

morrer sem abalos

sem sentir medos nem privações

desafios são um saco

o medo

de tanto ser sentido

torna-se enfadonho

uma coisa besta

embora seja a que mais mantenha o sabor de novidade

de desagradável novidade

o resto vai adquirindo um aroma que já se distingue a distância

coisas que sabemos como serão

e que nem por isso sabemos evitar

vamos ficando velhos

e nem por isso sábios

vamos ficando velhos moles e medrosos

e não entendemos por que se deva ter compaixão de um velho

até que velhos supliquemos por compaixão

como se alguém tivesse a obrigação de nos tolerar

velhos são frágeis

mas quase todos foram como os adultos que os olham

e agora velhos acham o mundo duro