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todo o meu medo é de ver o barco partir
o último
e descobrir que fui o único que ficou
e ver o mundo ganhar distância
e saber que na verdade quem partiu fui eu
caí do navio
andei na prancha
como todos um dia
santos ou magnatas
da primeira classe ou dos porões negreiros
todos um dia servirão de repasto a vermes e bactérias
lá está o fato
sentado na beira da estrada
calmamente pintando numa placa a palavra consumado
e eu sem freio sem acelerador sem volante nem alavanca de marcha
puramente uma consciência passiva
indo de encontro
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