3.2.07

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quanto mais quero desfazer os nós mais a linha se enreda

mais vidas se prendem à trama

nada tenho além desta escravidão

a vontade há muito se foi

o tempo me consome

e eu com minha lucidez mesquinha

percebo que sou roído

que a morte

como uma ratazana faminta

cava seu ninho em minhas entranhas

a morte

que desde minha mais tenra infância adorna minhas fantasias

tudo que tenho é esta suposta capacidade de simular pensamentos profundos

que tão bem ludibria os rasos

se ao menos eu soubesse olhar de frente para os fatos

mas ainda estou brincando

ainda sou o menino perverso e desmiolado sob a carcaça velha e gasta

que não crê no bem