12.1.09

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pergunto-me quando haverá um caminho

ou se sempre será esta série de tropeços

opaco como só eu sei ser

sempre de canto

tudo só passando

eu me repetindo

metendo a testa na parede

nada em mim brilha

salvo minha falta de brilho

como nada em mim é forte

salvo minha falta de força

e meu complexo de inferioridade

e a velha incontornável sei lá o quê

que me põe assim

meio morto meio aborto

sem saber jogo fora a leveza de viver

presumo

nunca me senti leve na vida

só sempre assim

querofóbico

nada me parece menor que eu

tudo passa

surge de um lado do horizonte

atravessa meu campo de visão

e some