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em silêncio a mulher de pedra atravessa a casa
com seu pesado fardo
de sabores amargos
tudo na casa veste luto
toda esta triste sucessão de cômodos
toda esta mórbida sustentação de paredes
há alguma monstruosidade nisto
monstruosidade sutil
imperceptível
não é deus
e mesmo que o seja
quanto no mundo não é o que é jamais sendo o que daquilo esperamos
só sei que se arrastam
a mulher de pedra e seu fardo
sua longa mágoa
sua velhice
seu irrefreável desejo de encher de sombra o mundo
tudo acabou
a vida há muito deixou de ser vida
não preciso de mais tristeza para ser triste
tudo está horrível
e pode ficar muito pior
basta nascer novos dias
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