13.11.07

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para tanto não há palavra

não há o que sentir

nem como olhar

para tantas coisas não há prazer nem dor

o que já é bem difícil de agradar

ficar tão-somente

como perfeito imbecil

olhos postos no nada

e nada

rigorosamente

só aquilo

incessante indagar

e agora

que devo sentir agora

o que se deveria sentir agora por favor alguém me diga

e resposta há

claro

aí dentro de você

mas de igual modo há medo

de que saibam

de que descubram

de que conheçam

de que digam

apontando na rua

é ele é ele é ele

ele o quê

sei lá porra só sei que ele diz ter vida interior

meu deus quem diria

pois é

ei-lo convertido na figura pública que você nunca quis ser

sem dinheiro e sem respeito

apenas notório e risível