6.9.07

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não sei como pode haver vontade no meio de toda esta ignorância

não sei como se pode dizer que somos livres

se tudo que sentimos é medo

não há como ter paz quando não se é um universo

quando dentro de nós não há a fonte que sacia todas as carências

sinto-me miserável

miserável e ofuscado

pelo brilho das mentiras

sou como sou

não adianta querer ser diferente

bem como não adianta querer me forçar a gostar de mim

simplesmente não tenho controle sobre este estranho que usa meu nome e meu corpo

prisioneiro sou

antes de tudo de minha covardia

de minha valentia

e das palavras que rolam de um lado para outro dentro desta cabeça

que tem tanto espaço ocioso

tantos fluxos turvos

e esta ânsia

ou sua ausência