10.4.07

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não sei para que se vive

talvez para nada

não fomos nós que inventamos a vida

vive-se para comprar e consumir

para morrer

para encontrar a salvação

a verdade é que quando se está vivo

na imensa maioria dos casos

sente-se um incoercível impulso ao movimento

não somos nós

é uma força

talvez o tal do sopro

o impulso vital

que não vem de nós

que é parte de nosso instrumental para a vida

leva-nos à permanente pulsão

a este ir e vir dentro da jaula sem saber se queremos água sexo sono ou deus

apenas para lá e para cá

com medo de dormir e de acordar

compartilhando horrores

dizendo ser fruto da razão o ingresso no labirinto e a longa espera entre os escombros

até que chega o caixão

como um helicóptero de resgate

e aí vem aquela conversa de salvação

e de que o amor de deus

aquele nosso ancestral remoto

e trombamos um no outro

correndo cada vez mais numerosos e desordenados dentro da jaula