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não sei para que se vive
talvez para nada
não fomos nós que inventamos a vida
vive-se para comprar e consumir
para morrer
para encontrar a salvação
a verdade é que quando se está vivo
na imensa maioria dos casos
sente-se um incoercível impulso ao movimento
não somos nós
é uma força
talvez o tal do sopro
o impulso vital
que não vem de nós
que é parte de nosso instrumental para a vida
leva-nos à permanente pulsão
a este ir e vir dentro da jaula sem saber se queremos água sexo sono ou deus
apenas para lá e para cá
com medo de dormir e de acordar
compartilhando horrores
dizendo ser fruto da razão o ingresso no labirinto e a longa espera entre os escombros
até que chega o caixão
como um helicóptero de resgate
e aí vem aquela conversa de salvação
e de que o amor de deus
aquele nosso ancestral remoto
e trombamos um no outro
correndo cada vez mais numerosos e desordenados dentro da jaula
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