13.10.09

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a vida
esta puta sem coração sem cérebro sem sabor
usa-nos dói-nos esfrega-nos a cara no chão em que ela cuspiu
que humilhante existir
ver-me em permanente confronto com minha abjeção
ver-me cada dia mais insignificante
tragado por minha própria pequenez
a vida é assim
pisotear esmagar cuspir
não poder livrar ninguém da dor
a vida é uma canalhice
é o retrato da impotência
é viver desejando que uma vida nos seja dada
essa história de morrer e ir para o inferno
talvez aqui já seja a morte
talvez aqui seja a repetição infinita daquele dia
talvez aqui todas as dores todos os horrores todos os pânicos
talvez o meio de um caminho sem começo nem fim
nada me pertence
além deste pavor