23.5.09

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como pode a vida nunca deixar de ser isto
não faço idéia
mesmo que fizesse
não é de idéias que a vida vive
mas de alimento
de calor
de ar pra respirar
a alegria dá vontade de viver
não dá vida
sinto que devo
não sei o quê
não sei a quem
mas é uma sensação tão clara
que a cada esquina temo ser cobrado
desta dívida que vive comigo
esta dúvida
que talvez ocupe espaço no meu caixão
vivemos e morremos ao mesmo tempo
vivemos porque nascemos e ainda não morremos
morremos porque nascemos
mais fácil dizer por que se morre do que por que se vive
é a vida
ou será a morte
no enfadonho mundo das dualidades que às vezes é terrivelmente assustador
tudo sempre tem duas faces
uma não existe
a outra é apavorante