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juro que em minha cabeça havia até há pouco palavras até belas
para expressar o amargor que sinto
mas passou
ou melhor
passaram
as palavras
ficou a coisa
a carga o fardo a mala enorme este baú infinito e negro de uma escuridão que cega e deixa a sensação de que tudo passou de que cheguei depois de que só venho para o fim
não há palavra
não há nem eu que valha a pena olhar
estou vivo por acaso
estou vivo por engano
tecnicamente vivo
a prova é que vivo matando
e para matar
só vivo
meu corpo
depois de morto
pode até matar
transmitindo doença ou caindo sobre alguém
mas então será apenas um corpo um objeto inanimado movido pelo acaso ou por uma vontade qualquer
não pela minha
que somente vivo
posso matar
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